Como num piscar de olhos Laura completa hoje seus primeiros 40 dias de vida. Acho que nunca vivi emoções tão fortes na minha vida quanto tenho experimentado desde o dia 2 abril. O nascimento da minha pequenina, sua vulnerabilidade, sua graça, o crescimento a cada dia de um amor que nunca imaginei que existisse. Incrível... As mães que conheço sempre falavam desse tal amor de mãe, mas nunca imaginei que fosse tão grandioso e poderoso assim. Como diz vó Dalva, é um amor que dói. Um amor dolorido porque dá um medo de perder. Uma necessidade imensa de proteger e cuidar. Um medo terrível de que algo aconteça. Um medo que às vezes até beira à neurose.
Nunca imaginei que eu, Mãe Lu, que sempre amei dormir, iria acordar de cinco em cinco minutos, a noite inteirinha, só pra checar se Laurita está bem, respirando e tranqüila. Isso, claro, sem nenhum mau humor, ao contrário, com todo o amor do mundo. Nunca imaginei também que iria acordar de madrugada com um sorriso imenso no rosto, assim que a minha pequena berrasse de fome. Acho que o mundo mudou muito para mim desde que meu bebê nasceu. Ele ficou mais suave, mais compreensivo, mais cordato. Espero que assim continue e que a minha pequena me ajude a ser a cada dia um ser humano muito melhor...
Mas não é só cor de rosa o mundo de Laura e Mãe Lu não. A verdade é que, apesar de sentir tudo o que descrevi há pouco, a cesariana dói pra caramba. Fiquei uns cinco dias sem conseguir andar reta, para levantar sozinha da cama nas duas primeiras semanas de madrugada para dar de mamar para Laurita era praticamente impossível. Ainda bem que Fred Pai e Vovó Dalva estavam aqui para me ajudar.
Além disso, a verdade é que não tive uma noite inteira de sono sequer neste período. Imagine! 40 dias sem uma noite inteira de sono! E detalhe: acho que essa fase ainda terá muitos outros 40 dias! Por isso, minhas olheiras aumentaram muito e se me deixarem encostada cinco minutos em algum lugar, com certeza cairei no sono. Que sono!
Sem contar as pintinhas no rosto que ganhei de presente durante a gravidez e que nada de irem embora agora que Laura está por aqui. Isso porque só estou falando do rosto. Apesar de ter perdido facilmente os 10 quilos engordados durante a gravidez já nos primeiros 30 dias, minha barriga é algo ainda grande e disforme. – Parece uma geléia, né Lu?, disse Fred Pai outro dia, sabiamente, mas não sensivelmente. – Parabéns! Perdeu os dez quilos rapidinho! Mas ainda está barrigudinha! , disse doutor Orlando ontem, na consulta. Pois é!
Fred PaiBabão é o adjetivo mais correto para definir Fred Pai. É só olhar para Laura que sorri e se baba todo. Toda vez que pega Laurita no colo bate altos papos com ela. Está sempre ajudando Mãe Lu pegando as coisas para ela, o copo d´água na hora da amamentação, a funchicória na hora da cólica e tudo o mais. Mesmo assim, esse período também não são flores para Fred Pai. Mãe Lu está muito ocupada o dia todo com cuidados com Laurita e nesse comecinho de vida da bebê ela só quer saber mesmo da mãe, ou melhor, dos peitões da mãe.
Por isso, vira e mexe Fred Pai fica todo tristinho. – Eu me sinto um abajur nesta casa. Quando precisa, liga, depois desliga e pronto. Sou periférico, diz o novo papai todo inconsolável. Até que olha para o bercinho e vê Laurita dormindo tão lindinha e esquece tudo. - Que menina mais linda é a nossa filhinha!, diz ele todo babão de novo!