segunda-feira, 27 de abril de 2009

Tio Thiago, com a Letícia



Laurita,

Essa foi a última vez que Mãe Lu viu tio Thiago. Foi em janeiro de 2009, sua última visita a Campinas (depois disso, ela foi proibida de viajar em função do barrigão). A última vez que Mãe Lu falou com tio Thiago foi para parabenizá-lo pelos dois aninhos das menininhas, no dia 11 de abril. Ele estava muito feliz com o seu nascimento filha. Queria muito conhece-la. Ele amou as suas fotos e disse que iria te mimar muito! Uma pena vocês não terem se conhecido...

Adeus, tio Thiago!

Minha querida filha,

Escrevo esta carta para te dar uma triste notícia. Apenas 15 dias depois do seu nascimento, nossa família teve que enfrentar o mais doloroso fato de todos que nos deparamos na vida: a morte de seu tio Thiago, o irmão da mamãe.
O tio Thiago morreu no dia 17 de abril, de acidente de moto. Ele tinha apenas 31 anos e foi embora, assim, abruptamente, deixando todos nós muito tristes. Suas priminhas, a Letícia, a Gabriela e a Thaís perderam o seu papai com apenas dois aninhos de idade. Infelizmente, quando ficarem grandes não vão se lembrar como seu pai era carinhoso, dedicado e amoroso. Mas com certeza o vovô Filizzola, a vovó Cristina, Mãe Lu, Fred Pai e tia Aninha vão contar em detalhes pra elas tudo o que quiserem saber de seu pai.
Sabe filha, quando nos deparamos com uma morte assim, tão prematura, por mais que queiramos entender e explicar as razões pelas quais Deus nos prega essa peça, a verdade é que não é fácil. Todos esses dias depois da morte do tio Thiago fecho os olhos e lembro de sua juventude, de seu sorriso, de sua intensidade e ainda está difícil de aceitar. Pelo menos, desde pequenininho tio Thiago foi intenso. Ele não tinha meio termo. Quando ficava bravo, era bravo mesmo, feliz, era muito feliz, triste também, muito triste. Como vovó Cristina sempre dizia, tio Thiago não tinha medida. Se queria algo, ia lá e pegava pra ele. Era um exagerado. Até no tamanho! Alto, gordo, voz forte... Viveu intensamente. O sonho dele era ser pai. Mas como eu mencionei, tio Thiago era tão exagerado que foi logo pai de três menininhas ao mesmo tempo! A cara dele esse grande acontecimento!
Desde criança tio Thiago era um inconformado com injustiças. Defendia sempre o mais fraco. Quantas vezes lá no parquinho da escola eu pegava ele batendo em algum menino que tinha sido mau com um coleguinha mais fraco. Vovó Cristina sempre era chamada nas reuniões de escola sobre esse problema. Mas palhaço como ele era, mesmo com todos os rolos que fazia na escola, os professores o adoravam.
Desde a notícia de sua morte, pensei muito sobre a vida do meu irmão. Ele era intenso demais, inconformado e ansioso. Era como um beija-flor que quando entra na sala da casa da gente pela janela, se desespera, luta para sair se debatendo pelas paredes, sem encontrar o caminho pelo qual chegou e depois de várias debatidas contra a parede, se machuca e morre. Acho que foi essa a vida de tio Thiago. Pelo menos, depois de tanto se debater, ele está descansando agora.

Laurita na casa dos avós


Ainda bem, minha filha, que você já estava entre nós quando seu tio se foi. Somente a sua presença na primeira semana de morte de tio Thiago na casa de seus avós já acalentou o triste coração de vovó Cristina e vovô Filizzola.
Se como irmã já fiquei triste demais, eu fico aqui imaginando a dor que seus avós devem estar sentindo. Quando olho para o seu rostinho lindo, bochechinhas gordas, sua delicadeza, sua vulnerabilidade, me dói a alma só de pensar em te perder. Pois meus pais perderam o filho deles e acho que não deve ter dor maior que essa.
Mesmo assim, com a sua presença, em meio a tanta dor, você fez vovô Filizzola e vovó Cristina sorrirem e se iluminarem. Que bem você fez à nossa família, minha querida filha. Só com a sua presença. Obrigada! Isso foi muito importante pra todos nós. Afinal, nos fez lembrar que apesar da tristeza da morte, nos deparamos também com a felicidade e a celebração da vida.
Laurita, agora temos as suas priminhas, como diz o vô Filizzola, as Thiaguinhas, aqui com a gente. Vamos tê-las sempre perto e fazê-las sentirem-se muito amadas, como o são. Assim, tio Thiago poderá descansar em paz onde quer que ele esteja... Adeus tio Thiago! Sentiremos muito a sua falta por aqui!

“A vida é cheia de idas e vindas.
De partidas e chegadas.
O que para uns é a partida,
Para outros é a chegada.”

domingo, 12 de abril de 2009

O dia em que Laura nasceu

Foi um dia realmente especial, feliz... Vovó Cristina chegou no dia anterior e quando acordei lá estava ela, toda carinhosa, cheia de guloseimas para o meu café da manhã, afinal, esta seria a minha última refeição até o dia seguinte ao parto. Vovó fez pra mim uma omelete enorme, cheia de cebola e queijo, do jeitinho que eu amo. Nem consegui comer tudo, de tanto que ela fez!
Em seguida chegou a tia Aninha Gabriela, que por sorte do destino, estava aqui no Rio no dia mais importante da minha vida! Ela chegou aqui e passou o dia todo com a gente. Lá pela uma da tarde vovó Dalva chegou. Pronto! A trupe estava armada! Vovó Cristina, tia Aninha, vovó Dalva e Fred Pai, todos aqui em casa, conversando, rindo, passando momentos tão especiais. Mãe Lu se sentiu amada, feliz e fomos para a maternidade calmos e confiantes que tudo daria certo. Não fosse a fome e a sede, diria que o dia estava perfeito.
Ao chegar à Clínica Santa Bárbara, onde Laura nasceu, ainda na recepção, encontramos a tia Luciene. Ela é outra paciente do doutor Orlando que teve a Maria Clara uma hora antes da Laura nascer. Foi legal encontrá-la no hospital, fofocamos um pouquinho, falamos do nosso medo de trocarem nossas filhas, afinal, elas nasceram quase na mesma hora e nossos nomes são parecidos...
Desde a hora que chegamos na maternidade, até o momento de entrar no centro cirúrgico, passaram-se outras quatro horas. Ficamos eu, as vovós e Fred Pai no quarto, esperando, conversando e sentindo uma ansiedade nunca antes experimentada.
Ao chegar o enfermeiro com a maca para me levar ao centro cirúrgico, Fred Pai foi logo se preparando. Pegou a câmera fotográfica dele, armou tudinho e lá foi ele pelo corredor do hospital comigo, segurando minha mão com uma de suas mãos e com a outra registrando tudinho. Senti um misto de medo, excitação, alívio e felicidade. No final do caminho até lá, meus olhos já não enxergavam mais o teto, de tão marejados que ficaram.
Quando cheguei ao centro cirúrgico lá estava doutor Orlando. Foi logo perguntando se eu tinha conseguido dormir na noite anterior. – Claro que sim doutor! Dormi oito horas, tranquila e feliz! Afinal, a partir dessa noite, acho que não terei uma noite de sono dessas por muito tempo!! – Ah bom!
Gostei muito da equipe do doutor Orlando. A pediatra, Kátia Jermmann, me abraçou com todo o carinho na hora da anestesia. A anestesista era simpática e todos ficaram conversando comigo para que eu me sentisse mais calma. No entanto, assim que a anestesia começou a fazer efeito, a minha pressão abaixou bastante e vomitei muito. Incrível! Comecei a gestação vomitando e pari vomitando! Que coisa!
Durante o corte, não senti dor. No entanto, eu sentia sim as mãos do médico puxando daqui a minha barriga, esticando dali, abrindo acolá. Uma sensação no mínimo estranha. Enquanto doutor Orlando abria minha barriga, eu vomitava, a anestesista tentava aumentar minha pressão com remédios e a pediatra me acalmava, Fred Pai não tirava o dedo da máquina de fotografar. Levou até uma bronca da anestesista: - Não faça isso Fred! Não tire foto dela passando mal! Vou mandar tirarem foto de você fazendo o exame de próstata! Fred Pai nem ligou. Continuou com o dedão na máquina, registrando cada segundo.

A hora do nascimento

De repente, rapidinho, como um estalar de dedos ouço um choro forte, bravo. A minha pequena nasceu!!! Foi apresentada para mim toda sujinha, roxinha, mas encantadora. Jamais alguém trocaria a minha pequena na maternidade. Nunca mais vou esquecer aquele rostinho lindo, olhando com ar assustado pra mim. - Minha filha nasceu! E é esse monstrinho lindo!! Pensei... Loguinho a pediatra levou Laura para tomar um pouco de oxigênio porque estava com dificuldade de respirar, de tanto sebo, por isso estava roxinha! Lá na mesa ao lado da minha, ela fez os testes todos, passou com nota boa, foi limpa, enrolada e colocada no colo de Fred Pai. Enquanto Fred Pai tirava fotos, gritava: - Lu! Ela tem a sua boca Lu! Lu! Ela tem pernão igual ao seu Lu! Ele estava tão feliz! Foi tão lindo ver Fred Pai pegando a nossa pequeninha nos braços, beijando sua testa e dando boas vindas a ela. Senti um arrepio, um frio na barriga, uma vontade de chorar de felicidade... Nunca vou esquecer esse momento.
Logo depois, Fred Pai a trouxe para os meus braços. Eu a peguei, coloquei sobre meus seios e fiquei olhando pra carinha dela. – Olá minha filha! Prazer te conhecer! Espero que tenhamos uma vida feliz juntas. Fred Pai ao meu lado era todo sorriso, beijos e felicidade. A pediatra foi logo colocando Laura no meu seio para mamar o colostro. Ela pegou direitinho. Sem nenhum problema. Já começou a vida com muita fome! Esse momento foi tão especial que nem lembrei que do outro lado da mesa cirúrgica estava doutor Orlando me costurando.
De um minuto para outro Laura foi embora nos braços de Fred Pai. A pediatra amou a máquina fotográfica dele e saiu atrás dos dois, agora ela registrando todos os momentos! - Que menina mais fotografada essa minha pequena!, pensei com meus botões. Quebrando todos os protocolos, ao invés de Laura ser levada para o berçário para tomar banho e se vestir, Fred Pai a levou para o quarto, onde as avós esperavam apreensivas. Ao abrirem a porta, as duas gritaram de susto e emoção. Vó Dalva chorou até! Vó Cristina ficou toda boba! – Ela é igualzinha a Lu quando nasceu!, gritou.
Depois de conhecer as vovós, Laurita foi para o berçário, tomou banho, colocou a roupinha que Mãe Lu havia separado para ela enquanto sua mamãe voltava para o quarto. O reencontro das duas foi logo depois do banho de Laurita. Ela voltou para o quarto, mamou mais e mais. - Insaciável essa menina!, todos falavam. E voltou para o berçário. A primeira noite, Laura passou longe de Mãe Lu. Dormiu pertinho das enfermeiras, para que elas tivessem certeza de que tudo estava bem com a pequena.
Fred Pai e vovó Dalva foram para casa. Vó Cristina ficou no hospital, acompanhando a filha e a neta. Mãe Lu, deitada na cama, ainda meio dopada da anestesia, com dor no corte e muito emocionada, passou a noite em claro. Não conseguia esquecer aquele rostinho pequeno, delicado, frágil que era o da sua filhinha. Jamais dormiria o mesmo sono desde a madrugada de 2 de abril de 2009, para o dia 3. A partir daquele momento, sua vida, seu amor, suas forças e energias seriam todas direcionadas para amar sua pequena filhota, Laura Filizzola Pacífico Alves. Bem-vinda, minha amada filha! Espero que tenha uma feliz jornada por essa vida!


Laura nasceu às 22h19, no dia 2 de abril, pesando 3,210 kg e medindo 48 cm.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

sexta-feira, 3 de abril de 2009

quarta-feira, 1 de abril de 2009

A Laura vai nascer no dia 2 de abril

Amanhã é o grande dia. O parto de Laura está marcado para o dia 2 de abril, às 20h. Fred Pai, doutor Orlando e eu decidimos isso na segunda-feira à noite, depois de feitos os exames necessários e da consulta no final da tarde do mesmo dia. Os meus exames pré-operatórios estão ótimos e a última ultra da Laura, feita na segunda de manhã, mostraram que ela já está grandona. Segundo o exame, Laurita já pesa 3,5 quilos e mede 54 cm. Uma bebê grandona! Como Fred Pai e Mãe Lu! Não poderia ser diferente!
Decidimos pela cesariana em função de muitas variáveis. São elas:

1) Em primeiro lugar, infelizmente, por não ter planejado a gravidez, fomos pegos de calças curtas. O meu plano de saúde, que é do trabalho, não tem direito a nem uma das duas boas maternidades aqui na zona sul do Rio. Nem a Perinatal, que é aqui em Laranjeiras, pertinho de casa, nem a São José, que é em Humaitá e também não muito longe. Sobrou apenas a Clínica Santa Bárbara, em Botafogo. Não é a melhor maternidade do Rio, mas fica próxima à UTI Neo Natal da Amil (a apenas duas quadras, caso Laura precise ao nascer) e não está em área de risco. Há uma outra maternidade, também próxima de casa, muito boa, que é a Amparo Feminino. Achei melhor que a Santa Bárbara, quando a visitei. No entanto, ela fica no Rio Comprido, uma área violenta aqui do Rio e a Laura não terá direito à UTI Neo Natal. Caso precise, terá que se deslocar até a Santa Lúcia, em Botafogo, que fica pertinho da Santa Bárbara.
2) Caso eu espere o parto normal, posso entrar em trabalho de parto no meio da madrugada. Daí terei que ligar para o doutor Orlando ver se há vaga na Santa Bárbara, que é em Botafogo. Caso não haja, terei que passar por áreas violentas no Rio no meio da madrugada para parir. Não acho que seja uma boa experiência e preferi não arriscar.
3) Caso dê certo de entrar em trabalho de parto de dia e seja atendida na Amparo Feminino que fica em Rio Comprido, ficarei nervosa pelo Fred Pai e demais acompanhantes que são as pessoas mais importantes da minha vida, de ficarem passando por esse caminho arriscado de dia e de noite para me verem e verem Laurita.
4) Com a cesariana, pudemos planejar a vinda de vovó Cristina e de vovó Dalva. As duas estarão comigo no grande dia. Achei isso muito confortante e importante. Acho que será muito especial para as vovós, para mim, Fred Pai e Laurita, que será confortada nos braços de duas amorosas vovós assim que nascer.
Por essas quatro razões escolhemos a cesariana. Mesmo assim, fiquei muito triste ontem. Queria ter tentado o parto normal. Passei o dia chorando, pensando será que seria justo intervir assim na data de nascimento da minha pequena. Afinal, caso o horóscopo, a numerologia e demais ciências deste tipo realmente funcionem, eu estarei intervindo no destino dela. Mas..., como tia Pati disse ontem, acho que essa não será a primeira e nem a última vez que eu intervirei na vida dela. Aliás, é esse o papel de mãe. Espero que esse dia seja abençoado e que Laura seja feliz. Por favor, mandem boas vibrações para a gente amanhã, às 20h!