A primeira viagem de avião de Laura foi para Campinas. Fomos Mãe Lu, Laurita e Terezinha, a Super Nanny, para a casa dos vovôs Filizzola e Cristina e da madrinha Aninha. Essa viagem estava sendo muito esperada e planejada. Esperada porque, depois da morte do tio Thiago, não pudemos voltar mais para Campinas, apesar de Mãe Lu estar com o coração arrasado e com muita vontade de estar pertinho da família dela, para confortá-los e se confortar. Além do mais, a presença de Laura nesse momento de dor foi um grande acalento no coração dos avós. Por isso, a viagem foi tão esperada e planejada. Ficamos dois meses aguardando para que ela pudesse ser liberada pela pediatra e finalmente levantamos asas!
Com dois meses e meio de vida, Laurita pôde voar, mas com alguns cuidados. O mais importante deles era fazer com que ela mamasse na subida e na descida do voo, para evitar dor de ouvido por causa da pressão. A ida foi ótima. Conseguimos acordar Laura para mamar na subida e na descida. O ponto alto da viagem ficou por conta da estreante em voos Terezinha, que na decolagem do avião, ficou tão nervosa e apertou tanto o cinto de segurança que Mãe Lu teve que falar para ela relaxar e desapertar o cinto, senão ela ficaria sufocada! Terezinha contou que naquela noite havia sonhado que estava no avião com Laurita, mas que lá em cima já, ela havia percebido que Mãe Lu não estava no voo e pedia para que o avião parasse, para ela descer com Laura. – Poxa Terezinha! Acho difícil pedir para o avião parar pra alguém descer!, disse eu, minutos antes da decolagem. Ao constatar essa informação, Terezinha ficou desesperada e por isso o apertão do cinto de segurança.
A terrível voltaCom medo da gripe suína, que já contava com mais de 600 casos no Brasil e depois de assistir ao Jornal Nacional que mostrava centenas de passageiros nos aeroportos brasileiros usando máscaras, vovô Filizzola e vovó Cristina ficaram apreensivos e só deixaram Mãe Lu voltar com Laurita caso a bebê usasse máscara. Como a máscara era enorme para Laurinha, vó Cristina a recortou do tamanho do rostinho de Laura e costurou de novo, fazendo uma pequenina máscara para a bebê.
Devidamente protegida, subimos atrasadas e correndo muito para o voo de volta ao Rio. Ao entrar no avião, apesar de termos tentado muito, mas muito mesmo, nem Mãe Lu e nem Terezinha conseguimos acordar Laura para mamar. Com a barriguinha cheia da primeira mamada, às sete da manhã, nada de Laurita pegar o peito. Não adiantou sacudir, chamar, virar, sacudir de novo, chamar mais uma vez, virar de novo. O avião decolou e nada de Laura pegar o peito. Somente lá em cima, já no final da subida, Laura acordou. Mas não para pegar o peito e sim para fazer um cocô daqueles tão grandes que desceu tudo pelas pernas. Tivemos que esperar para que pudéssemos ir ao banheiro trocar as fraldas de Laura.
Naquele minúsculo cubículo Mãe Lu dentro do banheiro trocava as fradas do bebê enquanto Terezinha, do lado de fora (por falta total de espaço), auxiliava. De repente, Terezinha percebeu que havia algo de estranho e que talvez Laura tivesse vomitado, já que não podíamos ver em função da máscara. Quando Mãe Lu tirou a máscara, Laurita estava com os olhinhos vermelhos e o nariz tapado de vômito. Toda molinha e sufocada, Laura nem chorava. Ao constatar o perigo, com as pernas bambas, mas com a consciência de que não dava para desesperar, Mãe Lu pegou seu bebê no colo e chupou seu narizinho duas vezes para tirar o que estava dentro dele. Só parou porque Laura começou a chorar. – Ufa Terezinha! Ela está chorando, estão está tudo bem!, disse Mãe Lu, segundos antes do avião começar a balançar todinho, ao passar por uma área de turbulência. O avião balançou tanto que o serviço de bordo parou e as aeromoças vieram correndo mandar Mãe Lu, Laura e Terezinha sentar. – Mas eu não terminei de trocar, disse Mãe Lu. Em vão: - Não! Larga tudo e senta!, disse a aeromoça. Largamos tudo no chão do banheiro e sentamos, com Laurinha ainda sem roupinha e só enrolada em seu cobertor. Esperamos a turbulência passar e voltamos para terminar de colocar a roupa em Laura e pegar suas coisas, esparramadas pelo chão do banheiro e corredor do avião. Um verdadeiro desastre.
Mas como coisa pouca é bobagem, o pior ainda estava por acontecer. Descemos, esperamos muito as malas chegarem e finalmente avistamos Fred Pai no aeroporto. Mãe Lu estava preocupada que Laura não reconhecesse o Papai, depois de dez longos dias em Campinas. Mas que nada! Foi só ver Fred Pai que Laurita se desmanchou em sorriso. Fred Pai ficou todo bobo! Que ótimo! Mas meia hora depois, já na Linha Vermelha, de volta para casa, Laurita começou a berrar como nunca antes! Ela gritava tanto que Mãe Lu teve que ir para o banco de trás do carro tentar dar de mamar para Laura. Mesmo assim, nada dela parar. O desespero foi total. O que Laurinha tem? Já no caminho do pronto-socorro, ligamos para a pediatra, a doutora Kátia. – Doutora, posamos há meia hora e Laura não para de berrar. O que está acontecendo? – Ela está com dor de ouvido e a dor é muito forte. Parem em uma farmácia, comprem Novalgina e dêem para ela. Mais que na hora paramos, compramos, demos e ufa! Laurinha dormiu a tarde inteira, ao lado de Mãe Lu, arrasada com a dor de ouvido que provocou em sua filhinha. – Perdão Laurinha! Perdão!! Por Mãe Lu, Laura não viajaria mais de avião tão cedo! Mas a doutora Kátia disse que é besteira. É só atrasar a mamada de Laurita e pronto. Se ela pegar o peito, tudo será como a ida, numa ótima! Então tá! Dia 10 de julho estaremos de volta a um avião. Dessa vez, para irmos ver os vovôs de Vitória... Esperamos que esse episódio não se repita! Que susto Laurita!