Já estou chegando no 8º mês de gravidez e a cada dia que passa me impressiono mais com os movimentos involuntários da minha imensa barriga. De repente, sem mais nem menos, ela forma um caroço imenso à esquerda e pronto, aponta total e indiscriminadamente para o lado. E passa o dia todo olhando para lá, mesmo que euzinha, sua dona, goste mesmo que ela aponte para frente. Outras vezes forma-se um carocinho pequenino e pontiagudo que passeia da direita para a esquerda e de cima para baixo. Sem contar aquelas vezes em que estou quietinha, distraída e me assusto com pulos involuntários do que já foi a barriga que chamei de minha.
Incrível. A cada dia tenho menos controle da minha própria barriga! Ela faz o que quer, na hora que quer e pronto. Ah! E claro que grandona desse jeito em tão pouco tempo, ainda tenho problemas de dimensão. Nunca sei se a barriga vai passar por aquele vão ou se posso ou não caber entre a mesa e a cadeira. Daí já viu! Passo por cada situação embaraçosa... outro dia quase fiquei entalada entre o meu carro e o do lado... Ah! No aniversário da Karina, filha da tia Milene, derrubei uma cadeira com o meu barrigão! Puro mico!
Mas não estou aqui para falar de micos não. Estou aqui porque a falta de controle da minha própria barriga me faz pensar na Laurita. Ela é um feto ainda, pequenino e indefeso, que ainda se forma dentro de mim, mas que já tem vontade própria. Ela faz os movimentos que quer, deve comer, dormir, brincar, sonhar na hora que lhe dá vontade. É a vontade é dela e não na minha. Fico imaginando quando ela nascer... A cada dia que se passar, mais e mais ela terá vontades e necessidades próprias, das quais, no comecinho ainda terei controle, já que ela dependerá de mim. Depois, controle algum. A Laura vai escolher o seu próprio caminho.
Essa semana que passou fiquei muito triste com o que aconteceu com a sobrinha da tia Aninha, a Marina. Uma menina linda, cheia de vida pela frente, optou por um caminho curto. Ficamos todos muito chocados e eu pensei muito na mãe da Marina, a irmã da tia Aninha, a tia Ângela. O que ela poderia ter feito para evitar esse sofrimento todo? Como ela estaria se sentindo? Será que dá para evitar finais infelizes? Será que dá para evitar que a minha filhinha sofra, vá por caminhos truculentos, escuros?
Passei a semana inteira pensando nisso. Se eu pudesse, traçaria um caminho lindo para ela. Ela seria a mais feliz das crianças, a mais bela das jovens, a mais bem sucedida profissionalmente, além da mãe mais realizada do mundo, com o melhor dos maridos. Mas a verdade é que eu nem sei se é esse o caminho que a Laura quer.
É como os movimentos da minha barriga. A barriga é minha, mas ela vai para onde quer, na hora que desejar, já traçando os desejos da Laura. Tenho que saber que quando ela nascer continuará assim. Vou fazer o melhor que eu posso. Vou estar ao seu lado quando tiver cólicas, vou dar banho morno para tirar a febre, vou ensinar o primeiro passinho, vou socorrê-la quando tiver medo do bicho embaixo da cama, vou ficar feliz com as suas conquistas na escola, dar bronca quando não estiver fazendo suas tarefas direito, me encantar junto com ela pelo menino mais lindo da escola, dar meu ombro amigo quando ele for babaca com ela... Vou ensiná-la a dirigir, a ser responsável, a não desperdiçar água, a reciclar o lixo, a respeitar as pessoas, a ter caráter, a ter palavra. Vou me dedicar ao máximo a essa grande tarefa da minha vida. Mas eu não sei se ela vai querer seguir o meu exemplo. Não sei se ela vai achar importante o que eu acho, se vai querer usufruir de tudo que estou ávida a dar. Talvez ela queria e muito. Talvez não. Talvez a Laura queria seguir o seu caminho. Talvez ela seja essa menina tão feliz, linda e bem realizada que eu fico aqui imaginando. Talvez ela caia e não queira levantar, apesar de todo o esforço que farei para tirá-la do chão. Talvez tudo o que eu faça dê errado. Não sei. Não tenho controle sobre ela, assim como não tenho atualmente sobre a minha barriga. Acho que a minha maior lição de mãe vai ser aprender que a vida é essa mesmo. Que a gente não tem controle sobre os filhos. Que a gente tem que tentar de tudo, mas que, se por acaso, nossos filhos queiram ir para outros caminhos, não tenhamos culpa. Porque, afinal, a gente passou a vida tentando guiá-los. Adeus Marina! Fica bem Ângela. Que Deus as abençoe.
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3 comentários:
Que lindo, amiga!
Acho que é isso mesmo, ela irá escolher seu caminho, mas terá uma super-mãe para orientá-la e ser sua amiga. Um bom exemplo a seguir e uma família que estará sempre perto pra ajudá-la. Isso é o mais importante e com certeza ela vai ter.
E você também, terá sempre amigos e família pra te ajudar nessa empreitada!
Bjs, tia Aninha Carioca
Querida
A vida me ensinou uma coisa "o plantiu é livre mas a colheita obrigatória " por essa razão nós educadores podemos mostrar as boas sementes aos nossos....
Isso você saberá fazer.
Beijo meu
Fernanda
Com toda certeza e a experiencia que tenho com a minha Marina.... vc será a mãe mais linda! A mais inteligente... a mais mais... então faça a sua parte da maneira mais linda e natural que a vida ensinará Laura a ser uma grande mulher!!!!!!
Bjssssssssssss
Jehane
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