sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Nem tudo são flores

Por mais que eu e Fred Pai ficássemos felizes com a notícia da gravidez, o susto foi grande demais. Principalmente para mim. Fred Pai sorriu e ficou feliz. Comigo já foi bem diferente. Talvez porque eu seja assim mesmo, meio complicada. Talvez porque é a minha barriga que vai crescer, minhas roupas que não irão mais servir, meu estômago que ficará enjoado.. enfim.. sei lá! Só sei que o começo foi muito difícil!
Além de me acostumar com a idéia de ser mamãe, eu tive que em primeiro lugar lidar com um sangramento chato que não parava de dar o ar da graça. No domingo de Dia dos Pais foi a primeira vez. Fomos preocupadíssimos ao hospital. Lá, fizemos a nossa primeira ultra transvaginal. Não vimos nem o embrião. Apenas o saco gestacional.
Na consulta, para falar a verdade, nem eu e nem Fred Pai lembrávamos a tal da data do primeiro dia da última menstruação. Foi um sufoco! O médico que fez a ultra disse que o saco estava muito pequeno e que o bebê não vingaria. A tristeza tomou conta da gente. Foi muito chato. Mas não desisti.
Na segunda cedinho fui para outro médico. Ainda sangrando. Ele pediu uma série de exames, além de outra ultra. Lá fui eu fazer a ultra. Para nosso desespero, outra médica despreparada fez a minha ultra. Ela disse que, com cinco semanas de gravidez, já era para ouvir os batimentos cardíacos do embrião. Mas não ouvíamos. Daí veio a sentença de morte (literalmente!): - Esse embrião está morto e já deve ter sido absorvido pelo seu corpo. Você precisa fazer uma curetagem. Foi um balde d´água fria, gelada, congelando, em cima de mim e de Fred Pai.
Por mais que eu acreditasse em médico ou em exames, eu não conseguia entender como é que o embrião estava morto dentro de mim, se eu estava enjoada, não conseguia sentir cheiros fortes, estava com sono. Parecia meio estranho. Fred Pai me deixou em casa e foi fazer fisioterapia no joelho. Ele teve um pequeno derrame no joelho e o médico recomendou dez sessões.
Eu cheguei em casa chorando. Liguei para tia Ana Paula e chorei como criança com ela ao telefone. Tia Ana Paulo ouviu pacientemente e tentou de acalmar de todas as maneiras. No final, já estava até rindo com ela!
Em seguida, liguei o computador e a tia Bia, que trabalha comigo, veio me dar os parabéns pelo MSN pela gravidez. – Obrigada Bia! Mas não vai ser dessa vez! Disse eu em prantos novamente. Depois contei a história para ela. Tia Bia mandou na hora o link da Maternidade de Laranjeiras, aqui pertinho de casa, e me mandou ir pra lá naquele momento. Lá fui eu. Obediente.
Cheguei sozinha e chorando muito na maternidade. A recepcionista, uma moça muito bacana chamada Patrícia, me acalmou primeiro. Depois fiz a ultra. Para o meu alívio e de todos que estavam me acompanhando nessa empreitada, não tinha nada de errado com o embrião. Apenas um descolamento de placenta. Repouso. Foi essa a receita médica para meu problema. Ufa!
Depois desse susto, outros vieram. Um dia acordei sangrando na casa da vó Cristina. Outro susto! Lá fomos nós para o hospital. Suspeita de aborto. Que nada! Fizemos uma ultra e a Laura sapeca estava lá dentro na maior agitação! Linda! Dando cambalhotas, chupando o dedinho... Foi o máximo!
Na semana seguinte, sangrei de novo. Desta vez lá no trabalho. Voltei correndo pra casa. Precisava deitar. Cheguei ao meu prédio, o elevador estava enguiçado! Fiquei eu lá na recepção esperando consertar o dito cujo. Pior foi o vexame de estar lá embaixo, eu chorando feito criança! Mas acho que naquelas alturas já estava até acostumada!
Agradecimentos especiais a todas as minhas amigas queridas que me acompanharam durante essas aventuras. Tia Aninha, que veio duas vezes em casa socorrer a mamãe, ou o papai, que não sabia o que fazer! Tia Ana Paula, que me consolou no meu momento de desespero, Tia Flávia, que veio aqui trazer livros de gravidez e me ligou todos os dias dando a maior força. Tia Myrtha e tia Maria Silvia, que me ligavam acompanhando o perrengue. Tia Kelly e tia Moniquinha que só de ouvirem a minha voz vieram correndo aqui em casa para me animarem. Tia Ju, tia Pati, titia Aninha Gabriela, que de longe deram também a maior força. Os vovôs e vovós. Enfim... todos aqueles que demonstraram amor e carinho pela família que agora está se formando! Tia Lili! Tio Paulo! Quanta gente! Como somos amadas Laurinha! Ta vendo?

Enjôo do papai

No meio de todo esse turbilhão de emoções e novidades - aliada à revolução hormonal dentro de mim - fiquei doidinha! Para começar que não conseguia ver, ouvir ou sentir o cheiro de Fred Pai perto de mim! O novo papai não sabia o que fazer. Trocou o xampu, mudou o desodorante, usou um sabonete diferente. Nada. Eu não conseguia ficar perto dele. Além disso, tudo o que Fred falava me irritava. – Me dizem que minha mulher está grávida. Eu não vejo nada disso. Não vejo barriga crescer, não vejo bebê. Vejo apenas minha mulher ficar doidinha!, repetia Fred Pai o tempo todo. Desolado.
Do meu lado foi difícil também. Eu tive muito medo de tudo. De perder o bebê. De ganhar o bebê. De ser mãe. De não ser mãe. De ter alguém que iria depender de mim para sempre. De não ter dinheiro para pagar o colégio. De não ter mais dinheiro para ir ao salão. De não ter mais roupas bonitas. Da maternidade que eu iria ter nenê. Da ausência de família perto da gente aqui no Rio. Da falta de uma babá. Do Fred como pai. Da Lu como mãe.
Resultado: impaciência e choro. Muito choro. Bem que minha mãe sempre me chamou de manteiga derretida. Será que a Laura vai ser assim também?
O dia mais tragicômico de todos foi o da água. Aqui em casa usamos água mineral. Compramos o galão de 20 litros em uma loja pertinho de casa, que nos entrega. Era domingo à noite. Fui tomar um copo d´água antes de dormir. Não tinha água. Não tinha como comprá-la. Fui dormir com sede. Na manhã seguinte, cedinho, às 8h já liguei para a loja d´água pedindo um galão. A moça disse que demoraria uma hora mais ou menos porque o entregador não havia chegado ainda. Duas horas depois nada de água. Liguei lá de novo. – Moça, cadê minha água? Perguntei. A moça respondeu que a água deveria chegar na próxima meia hora, que o entregador havia se atrasado. Respondi: - Moça! Meia hora não! Agora! Você vai matar uma grávida de sede! E comecei a chorar. Fred Pai pegou o telefone, falou com a moça. Desligou. Em prantos pedi a Fred Pai para buscar um copo d´água no vizinho. Ele não buscou! Chorei e tomei água da torneira com gelo mesmo. Não morri. Só de vergonha mesmo!

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