A chegada da Laura requer uma série de mudanças em casa. O quarto de hóspedes, que servia também como meu closet superluxo será dela. O quartinho de despensa será o da Terezinha, a babá da Laura que contratamos desde o terceiro mês de gravidez (esse é um capítulo a parte!). Ou seja, além de nossa filha, teremos também outra moradora na casa, que será parte da nossa família. Portanto, o apartamento - que antes Fred Pai e eu achávamos enorme para nós dois - hoje observamos que diminuiu de tamanho e que em breve estará praticamente repleto.
Para a chegada das duas novas moradoras, Fred Pai e eu temos que fazer algumas pequenas reformas. Decidimos então começar pelo quarto da Terezinha, que deve vir morar com a gente dois meses antes da Laura. O quartinho, como o chamamos aqui em casa, era a despensa da casa - cheio de estantes, de malas, de ferramentas, enfim, cheio de bagunça. Queremos tirar tudo de lá, pintar o quartinho, colocar uma cama legal, uma TV e um armário e deixá-lo aconchegante para a chegada da nossa querida babá. Para tal, precisamos de muito trabalho. E decidimos iniciá-lo hoje, sábado de manhã.
Acordei cedo, despertei Fred Pai e logo depois do café da manhã começamos o batente. Fred Pai desmontou as prateleiras e carregou os entulhos pesados. Eu decidi tirar as coisas leves das estantes e limpá-las para que fossem desmontadas e guardadas. Eram duas as prateleiras do quartinho, daquelas de metal, furadinhas. Da primeira tirei tudo, guardei as coisas, joguei várias fora e tirei o pó. Tudo com um lencinho na mão com cheiro do meu perfume, porque pelas manhãs ainda tenho muito enjôo e não posso sentir qualquer cheiro diferente. O lencinho perfumado foi dica da vovó Dalva.
A cena
Quando comecei a fazer o mesmo trabalho na segunda estante, que guardava mais coisas, como um isopor grande, várias malas e um microondas, não percebi que ela estava bamba. Ao tirar uma das malas de lá para limpá-la, junto com ela vieram a estante e tudo o que estava nela. Foi uma chuva de objetos em cima de mim. Para me defender, dei um passo para trás e a outra estante também caiu em minha direção. A sorte foi que o isopor grande ficou entre a estante, o microondas e o ventilador de teto. Eu fiquei embaixo do microondas, sem que ele caísse em cima de mim. Resultado. Cortei a perna esquerda não sei com o quê e a estante de trás, que estava vazia, ao cair, bateu pesadamente nas minhas costas. Dei um berro pedindo socorro ao Fred Pai e fiquei parada, tentando observar onde os objetos me atingiam.
Fred Pai chegou no mesmo segundo e me resgatou de lá. Deixei o quartinho correndo em direção à minha cama. Eu precisava deitar para identificar o que realmente tinha acontecido comigo. Minhas costas ficaram vermelhas e na hora Fred Pai pegou gelo para colocar na batida, apesar de meus protestos. Eu queria algo quente, não gelado. Embora o gelo seja a melhor resposta, o quente é muito mais confortável.
Mas o susto maior mesmo veio quando comecei a sentir a Laura pulando muito dentro da minha barriga. Senti também uma pressão forte na parte inferior do meu ventre e leves contrações, acho, além de uma forte vontade de ir ao banheiro. Não soube distinguir o que era. Contei para Fred Pai que na hora pegou o telefone e ligou para o meu obstetra, o dr. Orlando. Quando ele falou comigo, percebeu que eu fiquei muito nervosa e pediu para que eu fosse à Maternidade de Laranjeiras, lá na emergência, fazer uma ultra para ter certeza de que nada havia acontecido com a minha filhinha.
Saímos correndo e lá chegamos cinco minutos depois. Fred Pai estava tão nervoso, mas tão nervoso, mas tão nervoso que ao sair do carro, já no estacionamento do hospital, ficou todo enganchado entre o banco, a direção e a porta. A situação foi tão patética, que no meio daquele desespero ainda parei para rir com ele.
Lá dentro Fred Pai disse para a recepcionista que era uma emergência. – Moça uma estante caiu em cima da cabeça da minha mulher grávida! Ela precisa ser atendida agora! Por favor, não a deixem esperar! No mesmo minuto veio uma enfermeira que me colocou deitada em um cadeirão dentro de uma salinha. Ao entrar na salinha senti um frio tão grande, tão intenso, que comecei a tremer muito. Tremia o corpo todo. Fred Pai saiu correndo da salinha e foi buscar a enfermeira. – Moça! Acho que isso não é normal! Minha mulher está tremendo muito!
Com a enfermeira veio a médica, dra. Gabriela. Como todos daquele hospital, dra. Gabriela foi muito simpática e amável. Chegou terminando de mastigar o almoço dela. Coitada! Nós a atrapalhamos! Mas ela não se importou. Ligou o aparelho na hora para ver se Laurita estava bem. Ufa! Laura estava bem sim! Muito agitada, pulando bastante, mas bem! Ela fez vários exames para ver se estava tudo certinho e constatou: Mãe Lu estava tremendo só porque ficou nervosa! – Calma mamãe! A Laura está bem e nem sentiu nada! Ufa! Ao ver a minha nenê lá dentro de mim, ouvir seu coraçãozinho batendo forte e saudável, ver seu rostinho, pezinhos, mãozinhas... tudo no lugar, certinho, de mansinho a minha tremedeira foi passando, passando, passando e fiquei mais tranqüila. De lá ligamos para dr. Orlando que ficou aliviado como a gente! – Lu, agora quero que você relaxe! Você ficou muito nervosa e isso faz mal para a nenê! Quero você muito tranqüila nesse final de semana, ok? – Ok doutor! Ficarei bem! Prometo!
Fred Pai e eu saímos do hospital agradecidos e mais tranqüilos. Fomos para casa com a certeza de que nunca mais na vida da gente seremos os mesmos desde que Laura foi gerada. O amor, preocupação, os instintos materno e paterno já são tão fortes hoje que só em situações assim mesmo para termos a consciência do quanto essa menininha já transformou a vida da gente. E para melhor! Ainda bem que foi só um susto! Obrigada anjinho da guarda! Prometo não dar mais trabalho!
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3 comentários:
Lú,
O susto foi grande. Passou.......
Graças a Deus.
Muito cuidado com você e a Laura.
Bjs, bjs
Vovó Dalva
Oi Lu, que susto mesmo, e que bom que está tudo bem com vocês!
Realmente essa mocinha veio pra transformar suas vidas!
Estou muito feliz por vocês, e adorando e acompanhando todas as histórias.
Beijos, tia Aninha
Lu, quer fazer o favor de parar de deixar minha sobrinha nervosa? Tadinha, é muita emoção pra uma coisinha tao pequena ainda...
Porque será que consigo imaginar a cena do Fred enganchado no carro? kkk....
brincadeiras à parte, que bom que tudo nao passou de um susto (e que susto hein?).
Cuidem-se meninas.
Beijos
Tia Flavia.
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